domingo, 8 de maio de 2011

Estiagem

Das flores mal me lembro. A primavera passou por aqui há um tempo, e já secaram, se decompôs, se tornaram qualquer coisa menos algo visivel de semente, de coisa nova, coisa bonita. Não. Apareceu ainda não.Se tem está muito bem escondido.
O tempo foi fechando pra uma chuva de limpeza, que também não chegou. To esperando ainda, me preparei toda. Comprei guarda- chuva, no seu significado puro, pra manter bem o que ainda é aproveitável, guardei meus pertences que construi em todo este periodo de estiagem, não é tanta coisa, não é grande não, mas tem valor..tem sim. Estão aqui em um canto, mas não esquecidos. Só prefiro não mecher muito. Tenho medo de me perder nas memórias de como foram conquistados. To falando do suor, das lágrimas, das feridas. É melhor olhar o embrulho já pronto.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Bateu vontade.
Aquela sem nome que misturou com a fome de não sei o quê.
Parecendo coisa de mulher grávida mesmo, loucura! Não vou sossegar. Ih, não! Até o sono está esperando a vontade passar.
Olho pro telefone e quero que por um milagre ele toque, ou apareça uma mensagem divina me explicando,me acalmando os nervos pro sono chegar.
Mas não toca.
O maldito já se cansou de acender e desligar a luz de 'bloqueado' quando eu o aperto.
Mas eu não me cansei.. Já tá na hora né?! Já esperei mais do que sempre foi suficiente, mas não percebi que era. Já quiz que me matasse a fome, a solidão, o tédio. Mas me esqueci que não era medicina ou terapia, era uma pessoa e só.Não cura essas coisas. A gente só as esquece. E vai vivendo. Vai falando e querendo e sendo.Esquece da fome e o tédio parece não mais existir. Até que suas fichas, a paciência, ou até aquela infinidade de amor diminui.
Ela se vai, leva a capa da solidão. Que volta, ah! volta com tudo, pois estava entediada de ficar guardada, trouxe até uma amiga, uma tal de saudade.
Vem as duas me acompanhando.
Vou eu, procurar outra capa.Outra terapia, outro banco pra eu depositar o amor que ficou. Quem sabe eu consiga esconder a solidão por mais um tempo.
Talvez eu ache o nome dessa vontade, o sono venha. E eu descubra que esse vazio que eu sinta seja só fome.!

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Abstrações

Só se quis exteriorizar.. limpar essa maquiagem pintada por tantos sem dar seu pitaco! Não escolheu suas cores!
Foi sendo uma tela sem traços de si! A imagem a ser representada como uma pseudo protagonista de uma vida com pseudos sentimento e emoçoes contrárias do que o rosto mostrava.
Abafando sussurros de felicidade quando essa brotava a tela abstrata foi se apresentando, atuando, gritando com aquelas cores sua verdadeira forma, querendo que algo a significasse que um adjetivo correto a fosse atribuida. Não.
Não foi comprada.
Não quiz ser vendida para os que a acreditavam ver o cinza ao invéz daquele preto dor.
Ficou ali, a exposição continuando,os olhares julgadores, até quando aqueles malditos não entendedores das verdadeiras formas pudessem enxergar.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Tente ativa

Por vezes tente.
Em muitas seja.
n'algum momento espere..
ou não espere tanto.
pois são nas tentativas,
a mostras ou não que o timido
olhar
riso
querer
aparece e contempla
o riso junto.
Pode não haver.
ou ansiar demasiadamente.
As respostas ficaram em entrelinhas
elas escondem descaradamente
e buscam que as procure
pois sorriria, se quizessem ouvi-las.

domingo, 24 de outubro de 2010

Está sois

É o inverso
subvertido em flores.
Flores pálidas
sem chuvas de
um não inverno.

Há o caminho estático
colorido de primavera sutil
com versos ritmados
de abraço hostil.

Pranteando a Lua
presenteia com mar
esse universo
invertido em falas.

Falas frias
secos rostos
do intenso outono.

Rima o riso
versificando a beleza
de um provável verão.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Peça

Como se as virgulas fossem entendidas, resolvo nao sinalizá-las... prefiro ser desentendida dessas pausas propositais.
Sendo leiga.
Entre as linhas a estória há enredo suficiente, mas os pontos, os sujeitos insistem em desperdiçar verbos,dispensam adjetivos, empobrecem a rima.
No meio do palco os atores desse teatro sem som , a voz inalada são de respirações inquietas, e o desasossego se apega em Sol. Lá se iria os aplausos, mas estes também deixaram de serem ouvidos.
Se pudesse, se vivesse suficiente para desenrolar essa linha , os ensaiantes do sorriso conseguiriam papel principal . Enquanto só estão, esperemos o proximo, a tentativa de possivel harmonia entre o silencio com o feliz esperado.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Sambar

E esse sambar a lua
com olhar de bambo sorriso
colibri a cantar sozinho.

Festejo o cortejar
do rouxinol que avisa
o fim do sol a raiar.